O projeto Segunda 18 horas, realizado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), recebeu nesta semana o cientista político e professor Felipe Nunes. Ele é autor da obra “Biografia do Abismo”, escrita junto ao jornalista Thomas Traumann e lançada no final do ano passado.  

Na palestra ministrada nesta segunda-feira, 1º de julho, no Salão Vermelho da Procuradoria-Geral de Justiça, e transmitida pela TV MP, o convidado abordou causas e consequências da polarização política no Brasil e no mundo, com base em pesquisas de comportamento e opinião. 

Alguns pontos apresentados por Felipe Nunes foram a discrepância verificada entre a economia real e a percepção da economia pelas pessoas e a influência das bolhas sociais na visão política dos eleitores. "As bolhas sociais tornam nosso olhar enviesado. E nós vemos a realidade dessa forma”, comentou.  

O professor falou também sobre o fenômeno da polarização afetiva, que ocorre, segundo ele, quando as pessoas de diferentes ideologias deixam de se enxergar como adversários para se tornarem inimigos. “Neste contexto, existe a disputa moral entre o ‘bem’ e o ‘mal’, e a sua sobrevivência depende da derrota do outro. É um cenário que estimula intolerância, violência e autoritarismo”, observou. 

Ainda conforme o cientista político, até 2014, o debate concentrava-se no papel do Estado na economia. Já em 2022, outros aspectos - relacionados a valores, crenças e costumes - ganharam a cena, polarizando a sociedade brasileira de forma inédita. “Não é mais sobre política. É sobre quem nós somos. Parece que a identidade política dos eleitores afeta as suas percepções sobre a economia e a política”, analisou. 

Na abertura do evento, foi exibida uma mensagem de boas-vindas do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, que não pôde estar presente. O chefe do MPMG destacou que o nome de Felipe Nunes é imprescindível nas discussões sobre o pensamento e o comportamento do povo brasileiro. “É um privilégio para o MPMG ouvir um dos maiores cientistas políticos do país. Quem lê seu livro entender melhor o Brasil e o mundo de hoje”, comentou.  

A diretora do Ceaf, promotora de Justiça Élida de Freitas Rezende, e a ouvidora do MPMG, promotora de Justiça Nádia Estela Ferreira Mateus, compuseram a mesa de abertura e ressaltaram a importância para a instituição da interlocução com outras áreas do conhecimento. “Momentos como este alargam nossos horizontes e contribuem de forma significativa para o nosso crescimento pessoal e profissional”, observou Élida. 

O projeto Segunda 18 horas tem como objetivo trazer à instituição, periodicamente, grandes nomes de relevância contemporânea para discutir temas da atualidade, das mais variadas frentes do conhecimento, seja na área jurídica, filosófica, literária, social ou histórica.