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Uma das maiores intelectuais brasileiras na defesa dos valores democráticos e dos direitos das minorias, a escritora mineira realizou palestra no Salão Vermelho da Procuradoria Geral de Justiça, marcando o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé

 

“Na época de ditadura militar, eu não podia falar em público. Tinha sido banida. A primeira vez que fiz isso foi na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Falei sobre a questão da reforma sanitária e tremia feito vara verde”. A declaração - feita na tarde de sexta-feira, 21 de março, no Auditório Vermelho da Procuradoria-Geral de Justiça - é da jornalista e cientista política mineira Diva Moreira.  

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A ativista social que, anos depois, se tornaria uma das maiores intelectuais brasileiras na defesa dos valores democráticos e dos direitos das minorias, foi a convidada do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para ministrar palestra no evento que marcou o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições de Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. 

Realizada pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf) e pela Coordenaria de Combate ao Racismo e todas as outras formas de Discriminação do MPMG (Ccrad), no âmbito do programa institucional antirracista “Sobre Tons”, a atividade reuniu dezenas de participantes e foi transmitida ao vivo pela TV MP

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Diva Moreira ministrou a palestra “Luto é verbo: uma incansável trajetória de luta contra as opressões”.  Diante de uma plateia atenta, ela contou detalhes de sua história e de sua família, falou sobre o início de sua militância, sobre o interesse pela questão da saúde mental do povo negro e sobre justiça racial. 

A reparação à população negra pelas violências historicamente sofridas – tema do livro que a escritora lançará no final deste ano – foi o ponto central de suas críticas. “As reparações serão a saída para todo o mundo, a solução para construir um país decente. São um clamor ético da humanidade”, apontou.  

Presidente da mesa de discussões, a coordenadora da Ccrad e do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário (CAO-DH), promotora de Justiça Nádia Estela Ferreira Mateus, ressaltou a importância da palestrante para o enfrentamento do racismo no país.  

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De acordo com a promotora, Diva abre fissuras e desafia a hegemonia do poder ao desvelar a complexidade das dinâmicas étnico-raciais, além de reconhecer e enfrentar os múltiplos efeitos do racismo no contexto brasileiro. “Como bem disse a intelectual e ativista Angela Davis, ‘quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela’– e Diva Moreira é prova viva dessa transformação”, destacou.  

Ainda segundo Nádia, o reconhecimento das violências do passado e a implementação de medidas concretas para corrigir desigualdades do presente são passos fundamentais para o enfrentamento e o desmantelamento do racismo. “A história é a nossa aliada na luta pela justiça racial”, observou. 

Representando o procurador-geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho, a procuradora-geral de Justiça Adjunta Jurídica, Reyvani Jabour Ribeiro, falou da relevância das ações contra o racismo. “Este é um evento de fundamental importância para toda a sociedade. O tema não é apenas uma questão jurídica, mas um compromisso moral que todos nós devemos assumir”, pontuou. 

A coordenadora do Ceaf, Cássia Virgínia Gontijo, lembrou que o dia 21 de março foi instituído pela Organização das Nações Unidas em razão do Massacre de Sharpeville, ocorrido na África do Sul, em 1960, e reforçou a necessidade de se enfrentar a desigualdade racial. “Apesar dos avanços ocorridos no combate ao racismo, que oprime, mata e explora, há muito ainda a se fazer”, salientou. 

Inspiração 

Debatedora da mesa de discussões, a doutora e mestra em Educação Yone Gonzaga enalteceu o trabalho desenvolvido por décadas por Diva Moreira. “Ela inspira, sobretudo as juventudes, incorpora as lutas e busca manter a justiça presente nas manifestações. Além disso, traz a construção de uma consciência crítica em todas as esferas”, ressaltou.  

Yone também destacou a grande contribuição de Diva Moreira para a luta pela discriminação racial ao fundar, no fim dos anos 1980, em Belo Horizonte, a Casa Dandara – centro de educação e cultura dedicado à população negra da cidade. “Era um lugar de acolhimento, informação, formação e festa. Diva é uma pessoa que abre caminhos e é um espelho para a gente”. 

Ao final da palestra, a ativista, que participou da reforma sanitária e da luta antimanicomial nos anos 1970 e lutou pela redemocratização do Brasil, recebeu uma placa de homenagem do MPMG. 

Durante o evento, houve, também, apresentações artísticas da poeta Júlia Elisa e da cantora, compositora e multi-instrumentista Nath Rodrigues. 

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A atividade foi apresentada pela jornalista Sandra Flávia Nandaka e contou com o apoio da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP) e do Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Minas Gerais (Sindsemp-MG). 

Mesa de Abertura  

A mesa de honra foi composta pela procuradora-geral de Justiça Adjunta Jurídica, Reyvani Jabour Ribeiro; pelo subcorregedor-geral Mário Drummond da Rocha; pela diretora do Ceaf, Cássia Virgínia Serra Teixeira Gontijo; pelo superintendente da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar e da Igualdade Racial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, juiz Leonardo Guimarães Moreira; pela coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Apoio Comunitário (CAO-DH) e da Ccrad, Nádia Estela Ferreira Mateus; e pelo secretário municipal de Segurança e Prevenção de Belo Horizonte, Genilson Ribeiro Zeferino.  

Veja mais fotos do evento:

Diva Moreira - Uma trajetória contra as opressões - 21.03.25

 

 

 
 
 
 
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Assista ao evento:

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